quarta-feira, 27 de setembro de 2023

A Palavra que Resta

 Autor: Stênio Gardel

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 152


Neste primoroso romance de estreia, acompanhamos a trajetória de Raimundo, homem analfabeto que na juventude teve seu amor secreto brutalmente interrompido e que por cinquenta anos guardou consigo uma carta que nunca pôde ler.




Raimundo, nascido no interior, deixou de estudar para ajudar nas atividades na roça com seu pai. A partir daí vem o enredo com seu melhor amigo, Cícero. Onde ambos descobrem a sexualidade, se apaixonam entre si - essa parte foi a mais impactante para mim, pois quando li o resumo do livro imaginei que seria um relacionamento hete, não me pergunte o porquê, apenas achei. Todavia, isso que me fez ficar com mais vontade de devorar o livro pois foi de encontro ao que a minha imaginação esperava - Parabéns, Stenio! 

O livro é narrado entre passado e presente de forma super poética, até um tanto confusa incialmente, mas depois de algumas páginas você consegue entrar no ritmo da leitura e é impossível ler sem uma boa interpretação - achei fantástica a ideia. Acredito que um ponto de atenção quanto a escrita é o regionalismo que pessoas de outras regiões, estados, possam ter dificuldade no entendimento - o autor é do interior do Ceará e ele refletiu isso na escrita. Nós como cearenses sabemos quão difícil é até mesmo para nós nos entendermos ás vezes XD. 

A família de Raimundo e Cícero, como se já é de esperar, não aceitava o relacionamento deles, um casal homoafetivo. Então, aqui começa todo a dor da leitura. Nossa, como se torna difícil a cada página. Cícero não vai ao último encontro deles mas manda uma carta pela irmã de Raimundo, maaaaas, como tem no início do texto, Raimundo não sabe ler. Raimundo ficou com raiva disso e eu também, óbvio! Que ideia mas sem cabimento, gente. Se fosse eu já ia entender que a pessoa não queria nada comigo mesmo, porque não facilitou em nada, misericórdia. 

Dor! Dor! Dor! 

Aqui desenrola-se uma tragetória de Raimundo na vida adulta, ganhando a vida em outras cidades e sem largar a bendita carta que Cícero escreveu para ele. Episódios de homofobia, inclusive de Raimundo são frequentes. Nessa parte me pegou o fato de Raimundo preferir ser chamado de ladrão do que de gay - como a homofobia era gritante, e ainda é. Mas é de partir o coração a história de Suzzanný, o próprio romance de Raimundo e Cicéro e, para mim, o mais impactante, a história do pai e tio de Raimundo. Nossa! Aqui eu levei um soco no estômago! COMO ASSIM? e a raiva que sentia do pai de Raimundo assoitando-o para que ele deixasse de ser gay quando descobriu o relacionamento dele com Cícero, passou para tristeza e até compreensão. QUE LOUCURA!

A dor da exclusão, a dor do medo, da vergonha de se mostrar por inteiro para as pessoas, do preconceito e da miséria que assolam os mais fragilizados. 

Acredito que esse livro deveria ser obrigatório para todo brasileiro, pois ele é certeiro no que se propõem. 

P.S.: Se você é daqueles que grifa, marca ou escreve nos livros se prepare para pintar todas as páginas com todas as cores possíveis do arco-íris. 


terça-feira, 26 de setembro de 2023

Manual de Persuasão do FBI

Autores: Jack Shafer, Marvin Karlins

Editora: Universo dos Livros

Páginas: 256 

'Identifique mentiras, influencie, atraia e conquiste pessoas' 





Este livro foi escrito por um ex agendo do FBI onde ele irá ensinar técnicas de como ser bem quisto, como sua ideia poderá ser comprado pelas demais pessoas e como identificar se as pessoas estão mentindo para você. Como um agente especial para o Programa de Análise Comportamental da Divisão de Segurança Nacional do FBI, Dr. Jack Schafer desenvolveu estratégias dinâmicas e inovadoras para entrevistar terroristas e detectar mentiras. Agora Dr. Schafer evoluiu suas táticas e ensina como aplicá-las no cotidiano para obter sucesso nas relações interpessoais. 

Fui desafiada a ler o livro, pois a pessoa comentou que já que eu gostava de analisar o comportamento das pessoas de repente esse livro iria cair no meu gosto. 
Comecei a leitura achando que seria semelhante a Mindhunter, é....e me desapontei profundamente. 
O desapontamento não foi pela comparação, tipo...."ah, Karol, mas você estava esperando tal e qual um tipo de história". Não por isso, mas devido aos exemplos serem muito simplistas que passa até uma ideia de invenção. Parece que tudo dá certo para o agente. Basta ele olhar para a pessoa que ela vai fazer exatamente o que ele quer. Não me passou verdade em muitas situações vividas pelo agente - com todo respeito Dr. Schafer - talvez pela falta de aprofundamento das explicações das situações e alguns casos situações meio óbvias. 

No decorrer da leitura me deu uma sensação de estar lendo mais um livro Coach, onde você tem que fazer isso, isso e isso e as pessoas irão gostar de você. Sabe "Como fazer amigos e Influenciar Pessoas"? Pronto! Nunca li, pois só o título me causa um revirar dos outros. E o motivo de não ler, não ter vontade e não gostar de temáticas assim é porque as coisas tem que ser naturais. 
Se você é uma pessoa insuportável, mas aprende ténicas para ser visto com bons olhos que não se sustentam por muito tempo apenas para conseguir algo ali naquele encontro, naquela reunião etc você tá sendo falso, duas caras e Deus me livre conviver com pessoas assim. E ainda mais, pessoas que fazem esse tipo de coisa elas não se sustentam por muito tempo, é a mesma coisa do carisma. Ou você tem ou você não tem, carisma não se aprende a ter.




Os pontos positivos do livro foram a linguagem, bem simples. Os cápitulos são pequenos. Analisar as pessoas quanto a elas estarem abertas ou não para conversar com a gente ou sobre um determinado assunto, analisar um grupo de pessoas para saber se seremos bem vindo naquele momento ou não. 

Pelo fato dele ser um agente de FBI eu esperava mais da leitura, exemplos mais interessantes. Todavia, entendi que o autor queria realmente dar exemplos do dia-a-dia, ou seja, parece que a vida girava em torno do aeroporto porque mais da metade dos exemplos do livro foram no aeroporto. ^^ 

Se você gosta de livros com a temática coach semelhante a "Como fazer amigos e Influenciar Pessoas" vai adorar esse livro. 

E no meu caso, não foi um dos melhores mas sempre consigo achar algo interessante em tudo que leio e faço. 

Até a próxima resenha! Cheiro! 


terça-feira, 21 de setembro de 2021

Minha Sombria Vanessa - Kate E. Russel

Livro: Minha Sombria Vanessa 

Autora: Kate Elizabeth Russel 

Editora: Intríseca 

Páginas: 432 

"Eu tinha 15 anos. Ele, 42. Essa não é uma história de amor".


A leitura é incômoda, inquietante e triste. É o tipo de livro que você termina de ler e quer conversar com as pessoas sobre vários temas abordados para reflexão para amenizar a inquietação. Temas estes que não são inéditos, mas pouco se discute: pedofilia nas escolas, abuso sexual e psicológico de menor, romantização do abuso. 

Vanessa Wey é uma adolescente de 15 anos de personalidade introvertida e insegura que vai estudar em um colégio interno de renome no Maine. Seus pais ficam muito felizes com a decisão de Vanessa em tomar a inciativa de estudar em um colégio interno, dessa forma ela fará muitos amigos - não entendo a necessidade americana de querer muitos amigos para os filhos. Já reparam nisso? Enfim - e deixará de ser tão solitária. 

No colégio de classe média chamado Browick as coisas parecem normais, até o momento que um professor chamado Jacob Strane, de 42 anos, alisa as pernas, por baixo da mesa, da jovem Vanessa em sua aula. 

Poderia ser algo facilmente combatido com um empurrão, ou um palavrão ou qual reação fosse, mas o problema está aí...Vanessa não teve reação, foi passiva. E esta passividade perdurou dos 15 anos até os seus 32 anos. Não só a passividade, mas toda a insegurança, todo o complexo de inferioridade moldou sua personalidade ao chegar na vida adulta. 

O livro se passa no passado e presente, ano 2000 (Vanessa aos 15 anos) e 2017 (Vanessa aos 32 anos) respectivamente. 

Toda a história narrada em primeira pessoa, por Vanessa. 

A construção ambígua de Vanessa é um dos pontos cruciais que determinam a qualidade desse livro. Porque a autora não quis ficar apenas no relato de um abuso. Ela foi além, buscando traduzir a confusão da vítima e como isso influenciou no seu crescimento. E na alternância narrativa entre passado e presente, quando vemos a Vanessa dos trinta anos, ainda presa ao professor, e ainda acreditando que viveu uma história de amor, vamos entendendo como os danos causados são muito maiores do que podemos pensar. Mesmo com todas as acusações que vão surgindo e envolvendo o nome de Jacob, Vanessa ainda insiste em acreditar que com ela foi diferente. Que nunca houve abuso. 

As cenas sexuais e o contexto em que elas se desenrolam vão escancarando aos leitores como se dá a conquista. Como se consegue o prêmio máximo da penetração, ao mesmo tempo que se dá carinho. Como o fetiche se mescla com o homem maduro que entende os anseios da menina estudante. É asqueroso, mas precisa ser escrito e lido. Porque a sociedade não pode ser conivente. Porque cabe a sociedade punir de um lado e cuidar de outro. 

Minha Sombria Vanessa é um livro sufocante em todos os sentidos. Os leitores certamente vão sentir o incômodo de testemunhar todo um abuso, toda uma violência tanto do professor quanto da escola com sua postura para humilhar e silenciar, ao mesmo tempo que vão percebendo como a manipulação vai sendo feita. E é em cima dela que o abusador consegue o silêncio. Quantas sombrias Vanessas cresceram por aí até hoje acreditando numa história de amor?


“– Porque se não for uma história de amor, então o que é?

Olho para seus olhos brilhantes, para sua expressão de empatia sincera.

– É a minha vida – digo. – Isso tem sido a minha vida inteira.”




sábado, 22 de agosto de 2020

Os Elefantes Não Esquecem - Agatha Christie

 Livro:  Os Elefantes não Esquecem

Autora: Agatha Christie

Editora: Nova Fronteira

Páginas: 176

Você já escutou a frase "fulano tem memória de elefante?" Pois bem, o título do livro ratifica essa frase tão célebre. 


Se você soubesse que os pais da sua nora foram mortos de forma trágica e passional, onde um matou ao outro e depois se suicidara - um pacto suicida? - acharia que poderia ser algo genético e hereditário? Hum, hum? 

Ariade Oliver, uma escritora renomada que escreve romance policiais (achei bem alter ego) e amiga de Hercule Poirot - sim, nosso grande amigo aparece nesse romance da Agatha -  ao estar em um jantar de escritores onde seria homenageada é abordada por uma desconhecida chamada sra. Burton-Cox, ond esta fazia perguntas inconvenientes sobre a morte de um casal que morreu há 12 anos de forma trágica, estilo romance Shakespereano, que, para a polícia, o caso já está como solucionado onde um dos dois matou ao outro e depois se suicidou mas sem solução de quem matou quem primeiro. Essa era o X da questão para essa pessoa desagradável que estava questionando de forma incisiva a sra. Oliver. 

“Será que eles se odiavam em silêncio? Será que a mulher queria se ver livre do marido? Será que eles chegaram a um ponto de saturação tal que não se suportavam mais?" Pág. 54

Por que a sra. Burton-Cox estava tão incisiva quanto a saber uma história que transcorreu há tantos anos perturbando o juízo de Ariadne? 

Ariadne e Poirot vão atrás dos elefantes (aqueles que as memórias nunca os traem) que conviviam com o casal ou os conheciam de alguma forma para saber o motivo da fatídica morte. Foi por algum caso extraconjugal? Por dinheiro? Por loucura? Será que a família tinha gene com traços suicidas ou enlouquecidos? 

“Os pecados antigos deixam marcas profundas." Pág.55

Bem, esse livro é muito gostoso de ler por ser pequeno e com diálogos rápidos. Diálogos até que poderiam nem existir por não fazer nenhuma diferença na história. Poirot não brilhou neste livro. Para os amantes dele, irão se decepcionar devido a sua coadjuvação. 

Desvendei o mistério do meio para o final do livro e isso me deixou muito decepcionada. Sim, eu prefiro ser feita de besta, quebrando a cabeça com as pistas, do que descobrir tão cedo o desenrolar do mistério. Entretanto, todavia, me fez pesquisar sobre um assunto muuito interessante: desenvolvimento de irmãos gêmeos no decorrer das suas vidas. 

E vocês, gostaram do livro? Acharam algum ponto interessante assim como eu? Compartilha comigo suas observações, vou ficar feliz em saber :) 

Por hoje é só! Até a próxima resenha, sem horas e sem dores! 

sábado, 8 de agosto de 2020

Stalker - Tarryn Fisher

 Livro: Stalker

Autora: Tarryn Fisher

Editora: Faro Editorial

Páginas: 251


Até que ponto vai a mente humana e suas obsessoes? 




 "(...)Quando a gente vive no interior da própria cabeça o tempo todo, as coisas se distorcem."


Você se acha feliz, realizada e segura? E se alguém quisesse usurpar sua felicidade por pura inveja ou obsessão doentia?

Usurpar seu esposo,  filha, profissão...vida... 


Após a perda de seu bebê, Fig acha que sua filinha reencarnou em Mercy, filha de Jolene. 


Diante disso, Fig fica enlouquecida para ter a sua tão amada filha que, na sua mente, está ali de forma errada na vida de Jolene. Mãe desnaturada: adjetivo dado a Jolene por Fig no livro inteiro pois diz que Jolene não sabe cuidar e nem dar amor aquela criança estimada. 


Fig passa a ter obsessão pela vida dita PERFEITA - aos olhos de Fig - de Jolene. Decide comprar a casa ao lado e observar dia e noite sua vizinha e ser sua melhor amiga. Mesma roupa, mesmo cabelo, mesmas expressões, meu corpo. E assim Fig vai  se transformando na cópia de Jolene. 


"(...)Nós somos produtos das nossas primeiras experiências, replicando as formas como nos ensinaram a amar, a fazer sexo e a interagir com a humanidade."


Jolene que é uma escritora, segura, independente, firme e autruista deixa as portas abertas da sua casa e da sua vida para Fig fazer parte sem dar ouvidos a todos á sua volta em que diziam que Fig queria ser sua cópia. Jolene achava apenas que Fig era uma mulher deprimida com a vida, mas não possuía nenhum mal em seu coração e ações - pobre Jolene. 


E o esposo de Jolene, Darius, o que achava daquilo tudo? Apoiava a sociopata louca ou sua amada esposa a quem ele jurou fidelidade para o resto da vida? 


O livro é divido em 3 partes, a psicopata, o sociopata e a escritora. Essa divisão irá mostrar a história pela ótica da Fig, Darius, e Jolene respectivamente. Para mim, esse foi o ponto alto do livro. Eu AMEI saber o que se passava na cabeça de cada um. 


Bem, não posso contar muito sobre a história pois será spoiler e o mais interessante é fazê-los se sentirem instigados a ler. 


A escrita é muito fluída e muitos acontecimentos nos deixam inquietos e reflexivos. 


Não, não senti empatia por Fig - alguém consegue setir, minha gente? Oo - Sim, no começo eu gostava do Darius. -.-


O final foi um soco no estômago. Quando eu havia decidido avaliar como um final que não havia gostado, lai vem a escritora e diz que a história havia acontecido com ela. Era real. Fiquei em choque - ainda estou, inclusive! 


A que ponto os problemas da mente podem levar alguém a cometer loucuras? 


Me contem a opinião de vocês sobre o que acharam do livro. :)

Punição para a Inocência - Agatha Christie

Autor: Agatha Christie 

Páginas: 152

E-book


 Como você se sentiria após um assassinato ter ocorrido em sua casa e os principais suspeitos serem exatamente os membros da sua família, inclusive você?

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Qual o seu grau de confiança em seus irmãos? E pai?
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Até que ponto os laços sanguíneos influenciam no grau de confiança entre membros de uma mesma família? E quando dividem o mesmo lar?
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São essas indagações que a Rainha Master Ever do Crime nos faz questionar ao lermos "Punição para a Inocência".
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Tudo recai com o assassinato da matriarca de uma família inglesa classe alta, Sra. Argely. Esta é assassinada supostamente pelo seu filho mais impetuoso, Jacko, que é preso e condenado a prisão perpetua mesmo jurando inocência. Todavia falece na cadeia por ter contraído pneumonia após cumprir 6 meses de condenação.
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Dois anos após a morte da Sra. Argyle, o álibe de Jacko, Sr. Calgary, surge com sua memória restaurada de uma concussão confirmando a inocência daquele que os demais membros da família não tinham dúvidas que seria o acusado.
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Os membros da família, após essa triste notícia – sim, pasmem, nenhum deles ficou feliz com a inocência de Jacko – passaram a acusar um ao outro silenciosamente. E é neste momento que a narrativa ganha vida.
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Quem eram os membros da família que ficaram tão perturbados com a inocência do principal suspeito pelo crime?
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E, então, quem assassinou a Sra. Argyle se não foi Jacko? E, a indagação principal, por QUAL MOTIVO ela foi assassinada? Por qual motivo Jacko levou a culpa de imediato? Um crime passional, uma vingança, ciúmes, um ato premeditado? Em meio a essa trama quem de fato foi punido inocentemente? Se é que existem inocentes...
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Seria um dos 4 filhos adotivos? Seria seu esposo que estava encantado com a secretaria dele? Ou seria uma senhora que era ajudante fiel da vítima?
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Essas perguntas são feitas durante toda a leitura, nos fazendo desconfiar de todos os personagens - se duvidar, até de você mesmo, mon ami 😅.
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Considerado um dos livros favoritos da Rainha, aos que desejam uma leitura cheias de dúvidas e investigação, vale a leitura.
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Anexos - Rainbow Rowell

Autora: Rainbow Rowell

Editora: Novo Século 

Páginas: 219

Se você fosse pago para ler os e-mails dos colaboradores da empresa na qual você foi contratado para trabalhar, você aceitaria?

Seria confortável para você ao saber que estaria invadindo a privacidade de alguém?

E se você se apaixonasse por alguém conhecendo seus pensamentos, anseios, devaneios, defeitos, qualidades, lendo apenas seus emails trocados com a melhor amiga, e não soubesse como seria sua aparência física?

Ai, Karol, romance? Aquele melaço de doer os nervos?

Não, não é um romance clichê. São personagens que são tão imperfeitos que a gente consegue se colocar na posição deles - me vi no Lincoln em um ponto bem bacana do livro - ou conhecemos alguém que se assemelha com um deles.

Jennifer, melhor amiga de Beth, tem dificuldades de engravidar e não sabe exatamente se quer ter filhos - na verdade, ela não quer - acaba se apaixonando pela ideia devido ao desejo incessante do seu esposo, Mith.

Beth, amiga de Jennifer, namora Cris mas este parou no tempo de quando ainda era jovem onde só pensa na banda de rock e esqueceu do futuro como casal.

Lincoln, o "espião" dos emails, que tem quase 30 anos, ainda mora com a mãe e sente vergonha de dizer isto sempre que seus amigos perguntam como está a vida. Além de vários conflitos profissionais e pessoais.
(Achei muito interessante a construção desse personagem para mim. Comecei imaginando de uma forma, e terminei com uma antítese 😅).

Eve, irmã de Lincoln apenas por parte de mãe, tem conflitos incansáveis com a mãe.

Os personagens evoluem, a narrativa cresce e, como o livro é em formato de troca de emails, você fica na expectativa do próximo capítulo para ler a próxima troca de emails.

Eu torci por Beth e Lincoln, e você? 😁

Leitura rápida e gostosinha.
Se quer passar uns dias lendo coisas leves para tirar o peso do dia-a-dia, recomendo.


A Cor Púrpura - Alice Walker

Autora: Alice Walker

Editora: José Olympio

Páginas: 334


Meus amigos, que livro violento! E não é entonação só para chamar á atenção para te fazer ler este texto. É um livro incrivelmente fantástico com pontos de discussão sobre racismo, crença em Deus, violência contra a mulher, luta por sobrevivência e sororidade feminina, luta dos povos africanos, relacionamento abusivo, abuso de menores, empoderamento feminino - sim, em 1915 já existiam mulheres que passavam fora da curva e sabiam do seu poder. Temos que louvá-las. 

O livro é ambientado no sul dos estados unidos no período entre guerras e é escrito por Celia em formato de carta para Deus e para sua irmã Nettie, que nunca foram enviadas. Mas afinal, quem é Deus? Por que ele permite tanto sofrimento? 


Trecho página 242: 

"Quem você pensa que é? ele falou. Você num pode amaldiçoar ninguém. Olhe para você. Você é preta, é pobre, é feia. Você é mulher. Vá para o Diabo, ele falou, você num é nada"

As cartas de Celie são escritas de forma bem informal, e com um português incorreto, pois ela não teve tempo de se alfabetizar devido aos abusos da sua vida. 

Celia, garota de 14 anos, negra, é abusada pelo pai (Carinha), tem 2 filhos que são retiradas dela e é arranjada a casamento com um vizinho que continua com os abusos físico e mentais. 

As cartas escritas com tantos erros nos faz ter um sentimento de estranheza e passa ao de empatia no decorrer da leitura. 

Quem não ficaria empático com tanto sofrimento sem motivo? 

A vida de Celie ganha redenção quando a amante do seu marido, Albert, passa a viver no mesmo teto que eles. What the fuck, Karol? 

É, (risos), isso mesmo. Celie passa de raiva a admiração em relação a Shug Avery, amante de Albert. E aqui podemos pontuar a sororidade. 

Shug ajuda Celie a dar uma reviravolta em sua vida. De uma garotinha negra, feia e com o psicologico devastado com tantos abusos, ela se torna uma mulher firme, de autonomia, independente e feliz. 

E sua irmã Nettie, foi estuprada pelo pai também? E os filhos de Celie, morreram? O pai de Celie, o estuprador, casou novamente, morreu, foi preso? E ALbert, Celie matou? 

São perguntas que deixo que vocês respondam ao ler o livro! :) 

Ponto baixo: não gostei do final do Albert. 

Leitura que vale muito a pena ser conjunta para discutir tantos pontos problemáticos que até hoje reina em nossa sociedade.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Apresentando o Universo Café Literário

Olá! Sem grandes pretensões as atividades do blog Universo Café Literário entram ao ar dia 24 de julho de 2020. Vamos também tentar encontrar um lugarzinho neste universo literário e ver no que vai dar. 😉 

Aqui você vai encontrar, resenhas, dicas, novidades e tudo relacionado a livros. Se você está à procura de tudo isso, você encontrou o lugar certo!

Então, sejam bem vindos! Visitem sempre a Universo Café Literário, olhem, comentem, compartilhem e o principal divirtam-se!